"Com mais dados para SBN, você pode valorizar o seu projeto, atrair investidores mais relevantes e mais capital, otimizar a sua operação e gerar mais impacto para a sociedade."
1. Qual é a sua formação e experiência em SBN?
Eu venho de um histórico de empreendedorismo em outros setores, como o setor de fraudes e análise de risco, mas sempre desejei trabalhar em algo com muito propósito social. Quando decidi que era hora de sair das fraudes e abrir uma empresa, tinha certeza que seria em SBN, como uma das formas de ajudar na urgência da questão climática.
Isso ficou ainda mais claro quando vi diversas notícias falando sobre a questão de dados e transparência neste mercado, onde eu e meu sócio pensamos “deve existir alguma maneira de ajudarmos com o que aprendemos de tecnologia nos últimos anos”, e assim, no começo do ano, nasceu a Tropiko
2. Como você descreveria a proposta de valor da sua organização para alguém novo no setor?
Os projetos de restauração de área degradada, tanto os que miram unicamente no crédito de carbono, quanto os que restauram gerando insumos como cacau, macaúba, etc, possuem uma complexidade de dados muito grande, como informações de solo, sementes, mudas, atividades de prestadores de serviços, áreas sendo prospectadas, validações de posse e diversos outros.
Hoje essas informações são, em sua maioria, gerenciadas em papel, arquivos ou plataformas que não se conversam, com formatos diferentes, baixa rastreabilidade e sem otimizações. A plataforma da Tropiko permite que esses dados se comuniquem e de maneira georreferenciada, ajudando os gestores de SBN na coleta, organização e armazenamento dos dados de forma segura, gerando insights, otimizando a operação e gerando governança e visibilidade para os stakeholders.
3. Quais são os números ou insights de mercado que mais entusiasmam você no espaço de SBN?
O primeiro número que mais nos anima é o potencial que o Brasil tem, com cerca de 76 milhões de hectares passíveis de restauração. É triste que o número seja tão alto, mas ao mesmo tempo é uma das maiores oportunidades que o nosso país tem e precisamos que ela seja aproveitada com muita urgência.
Outro fator que nos anima é a quantidade de capital sendo levantada por empresas que estão realizando restauração, como Mombak, re.green e diversos outros players. É um mercado que tem chamado cada vez mais a atenção de investidores e atraído talentos de outros setores.
4. Quais são as principais dificuldades ou "bottlenecks" que, se resolvidos, podem e têm contribuído para o crescimento das SBN?
Do ponto de vista de dados, muitas informações ou não são coletadas, ou são coletadas de forma desorganizada ou com baixa rastreabilidade. Isso não só dificulta muito a geração de insights e otimizações, mas também faz com que seja mais difícil separar os projetos que estão fazendo um trabalho incrível dos que não estão. Isso acaba gerando uma desconfiança no setor que faz com que os projetos sérios sejam prejudicados ou não valorizados o suficiente.
Outro grande problema está em questões de dados do próprio governo, como a questão da certificação da posse da terra. Entendemos que é uma questão complexa, mas que não será resolvida sem um grande investimento e foco das autoridades.
5. Você pode ajudar a esclarecer ou contextualizar uma palavra/conceito no espaço SBN que você acha que é frequentemente mal compreendido?
Um conceito que vale ressaltar, é de que ter uma boa gestão de dados de ponta a ponta na sua operação não deve ser visto como um custo ou algo secundário, e sim como um investimento extremamente importante. Com mais dados para SBN, você pode valorizar o seu projeto, atrair investidores mais relevantes e mais capital, otimizar a sua operação e gerar mais impacto para a sociedade.
6. O que você gostaria de compartilhar com a comunidade NatureHub Brasil?
Quando migramos para este mercado, fomos muito bem recebidos e conhecemos diversas pessoas incríveis, que queriam compartilhar conhecimentos e nos ajudar com propósito de acelerarmos a restauração em conjunto. O meu pedido pode parecer ingênuo, mas gostaria que todos que estão trabalhando neste mercado pensem desta forma. Temos muitas áreas disponíveis e metas climáticas atrasadas, precisamos nos ajudar cada vez mais ou será muito mais difícil para todos e tarde demais para o planeta.
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