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Um papo com: Marcelo Souza, um desenvolvedor do Agroecology Map, uma plataforma open source

"Agroecologia, ou seja, realizam atividades de preservação enquanto produzem alimentos, são uma fonte de valiosos conhecimentos. Acredito que é extremamente importante dar voz a estas pessoas, trazer elas para o centro da discussão, dar protagonismo."



1. Qual é a sua formação e experiência em SBN (soluções baseadas na natureza)?


Minha formação em SBN vem de uma vivência prática, por vezes experimental, de aliar o Digital, área que venho me dedicando há mais de 27 anos, com práticas de sustentabilidade e preservação da natureza através da construção de espaços e ferramentas que buscam auxiliar o fortalecimento de redes de cooperação e compartilhamento de experiências e conhecimentos.


Dá minha práxis, em um período profissional, do uso de sensoriamento remoto (geoprocessamento) para o monitoramento e preservação dos biomas brasileiro aliado à uma prática, apenas curiosa e em pequena escala, sobre a produção de alimentos utilizando-se de princípios de permacultura veio o interesse de juntar estas soluções técnicas para a criação de um espaço digital que permitisse potencializar o acesso a conhecimentos de tantos atores sociais envolvidos na Agroecologia.


2. Como você descreveria a proposta de valor da sua organização para alguém novo no setor?


O valor das tecnologias digitais como instrumento potencializador da difusão de práticas e conhecimentos é indubitável. E a importância de aproximar as pessoas, de ser mostrar e ser visto e de encontrar seus pares com quem possa compartilhar experiências está no cerne da nossa proposta.


Estima-se que hoje, somente no Brasil, mais de 2 milhões de pessoas estejam envolvidas em práticas e ações Agroecológicas. Muitas destas pessoas que praticam Agroecologia, ou seja, realizam atividades de preservação enquanto produzem alimentos, são uma fonte de valiosos conhecimentos. Acredito que é extremamente importante dar voz a estas pessoas, trazer elas para o centro da discussão, dar protagonismo. Agroecologia é a sabedoria ancestral dos indígenas, dos campesinos, dos pequenos produtores rurais.


O Mapa da Agroecologia tem como objetivo ser um espaço digital para que as pessoas possam se encontrar, possam divulgar suas experiências, possam compartilhar e criar novas redes de colaboração.


3. Quais são os números ou insights de mercado que mais entusiasmam você no espaço de SBN?


Nos últimos anos existe uma movimentação entre cientistas, das mais diversas formações, buscando o entendimento e a comprovação dos efeitos das práticas Agroecológicas como uma ferramenta para a produção de alimentos saudáveis de forma sustentável e com efeitos benéficos para todo o ecossistema.


Uma série de grupos formais, eventos, publicações que estão surgindo nos últimos anos demonstra esse interesse. Grandes organizações como a FAO e CIFOR-ICRAF formaram grupos dedicados a estes estudos para a difusão desses saberes.


É claro que a Agroecologia existe bem antes deste reconhecimento formal por parte da academia. A Agroecologia é um conjunto de práticas ancestrais dos indígenas e campesinos. Porém, agora existe toda uma movimentação para uma organização socioeconômica formal em torno destes princípios e práticas. Existe agora um reconhecimento científico de que a Agroecologia é um instrumento vital para o desenvolvimento político, social e econômico de forma sustentável e que pode ajudar a reverter os danos ecológicos perpetrados pelas práticas predatórias do agronegócio.


4. Quais são as principais dificuldades ou gargalos que, se resolvidos, podem e têm contribuído para o crescimento das SBN?


Primeiro uma maior divulgação através da educação. Não basta divulgar de forma superficial, é preciso ensinar e aprofundar a discussão sobre a temática. Para isto é preciso a criação de conteúdo de alta qualidade, de fácil acesso e entendimento.


Isto vai nos levar a um reconhecimento público, bem informado, da importância (e urgência) de acelerarmos a transição para meios de produção de alimentos de forma mais sustentável sem perder de vista a questão socioeconômica.


Tudo isto é claro, envolve investimento que possibilita a criação destes aparatos e ferramentas, assim como suporte aos produtores e pesquisadores.


É preciso uma mobilização para a ação da sociedade como um todo, desde os governos, iniciativas privadas e sociedade civil organizada.


5. O que você gostaria de compartilhar com a comunidade NatureHub Brasil?


Para mim a comunidade NatureHub surge em um momento ímpar de tomada de consciência da sociedade para a importância de trazer para a discussão diversos atores sociais (público, privado e sociedade civil organizada) e tem o potencial de se tornar um importante espaço para o fortalecimento das SBN.


Vejo aqui uma organização que pode contribuir para a formação de novas lideranças que irão buscar um desenvolvimento mais sustentável de verdade. Para além das palavras e slogans, a NatureHub é um espaço que busca mudanças de verdades, mudanças que impactem toda a sociedade.


 
🌱 Para acompanhar mais entrevistas com especialistas da comunidade NatureHub

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